A CÂMERA-CANETA

Rodolfo Mohr

Eu estava prestes a viajar a trabalho, precisava usar a câmera como instrumento de trabalho mas não sabia filmar, e então em uma reunião, o Alexandre me disse: "se você sabe escrever, você sabe filmar". Em 3 horas com o Alexandre, eu aprendi mais sobre audiovisual do que em 4 anos de faculdade. No dia seguinte à aula, eu já estava "on the road" filmando e produzindo para um trabalho. 

Gabriela Gaioso

Você  trouxe uma proposta de ensino simples de entender e com sentimento, o que nos conecta com as aulas e nos ativa criativamente muito mais do que se fosse num curso comum. É muito bacana aprender com alguém que demonstra tanto amor e satisfação com o que faz! Foi incrível ouvir sobre suas experiências de vida real no trabalho, além de todas as dicas. Passou muita verdade em tudo que foi colocado para nós. Conhecer seus equipamentos e a sua confiança em nos deixar manuseá-los também foi ótimo. Não teria curso melhor para eu iniciar meus estudos e práticas na área.



Gustavo Guido Figueiró 

A questão da autonomia vista em aula foi uma das coisas que mais me marcou, o cinema de guerrilha realmente foi o nome mais adequada para descrever a oficina. As aulas me fizeram olhar de forma diferente para muitas coisas que antes eu não daria devida atenção ou não investiria tempo por acreditar serem inviável, ou “improduzível”. Na minha opinião, essa ideia de guerrilha, câmera-caneta descreve perfeitamente o curso.

Júlia Lelli 

Gostaria de contar uma experiência que tive durante a oficina A camera-caneta.
Fui gravar algumas cenas numa feira de games para um doc que estamos desenvolvendo na faculdade que aborda a temática das mulheres no mundo dos games e o machismo que sofrem. 
Estava como câmera e imediatamente lembrei das suas aulas falando que muitas vezes você só precisa estar com a câmera pronta e deixar a ação se desenrolar. Fiz planos fixos, sem movimentação e o resultado ficou ótimo! Essa oficina foi uma ótima experiência e, apesar do pouco tempo em que estive com vocês, me acrescentou muito. 



Aline Maciel

A oficina “A Câmera-caneta” me proporcionou novos conhecimentos, o contato com novas técnicas e procedimentos relacionados a produção de um documentário realizado de forma mais autônoma. Mas principalmente me despertou para novas formas de abordagens sobretudo pela valorização do olhar e das particularidades que podem trazer e conter muitas informações. As experiências vividas nas saídas para filmar e na sala de aula foram imprescindíveis para a prática da observação, do olhar, nesse processo de valorização do vivido captado a partir das suas expressões particulares e que carregam um complexo campo de possibilidades. A articulação entre uma produção mais autônoma e as formas de viabiliza-la junto com a exploração de uma olhar sensível a estes campos dos possíveis foram de extrema importância para mim e tenho certeza que as levarei comigo nos projetos que buscarei desenvolver e na vida como um todo. As discussões realizadas em sala de aula complementaram a prática de forma enriquecedora juntamente com a experiência 

do Alexandre que soube direciona-las de forma a explorar e aprofundar os temas discutidos, estimulando a incorporação de novos conhecimentos e o compartilhamento de experiências. Achei que a dinâmica da oficina funcionou bastante, principalmente intercalando entre filmagens e discussões dos projetos. Desde o primeiro dia já me trouxe inúmeros questionamentos e interesses.

trabalhos, rascunhos, tentativas, erros, ensaios, cenas e processos realizados pelos alunos nas oficinas 

“quando eu filmo uma caçada, eu nāo filmo, eu caço...” Jean Rouche

OFICINAS A CÂMERA-CANETA.

PROGRAMAS

1 - módulo #1: 8 aulas (1 x na semana - 2 meses). prática e teoria. diversos exercícios para os alunos adquirirem repertório. no fim cada um, ou cada grupo de 3 projetará o seu filme, ou os seus ensaios, ou mesmo cenas.

2 - módulo #2: 12 aulas (1 x na semana - 3 meses). cada aluno será acompanhado durante realização de seu curta-doc ou filme-ensaio ou experimentos fílmicos. no fim cada um projetará o seu filme.

3 - curso intensivo: 3 dias - sex, sáb e dom 

4 - aula síntese: aula única (5h). introdução, filmagem, montagem, projeção e debate do que filmaremos e montaremos juntos.

5 - o câmera-montador em documentários 

o câmera-montador, em documentários (filmar-pensando-montando). em um doc quem pré-escreve o roteiro é o fotógrafo, enquanto filma. e muitas vezes, é esse roteiro base, que estrutura o filme). essa oficina é para qualquer um, mas principalmente para fotógrafos que filmam ficção, onde tem um roteiro orientando o que e como filmar, e quando filmam docs, se perdem um pouco, e acabam produzindo um material deficitário. esta serve também aos montadores e editores que desejem fotografar e operar câmera.

Esta oficina está aberta à todos, mas sua intenção, é preparar fotógrafos pra filmarem documentários e editores que queiram também fotografar e operar câmera. 

EM DOCUMENTÁRIOS, OS ROTEIROS SÃO ESCRITOS, ENQUANTO SE FILMA, PELOS CÂMERAS-FOTÓGRAFOS.

Ótimos fotógrafos de ficção se perdem ao filmar documentários. Em documentários não existe um roteiro prévio, orientando o que e como filmar, como ocorre nas ficções, quando há uma equipe e atores à disposição da câmera e do fotógrafo (AÇÃO: tudo é feito, preparado, atuado para o fotógrafo filmar; tá tudo dado, ensaiado). Em docs é justamente ao contrário, é o fotógrafo-camera quem tem que estar vivo no jogo, atento e se movendo junto às ocorrências que se revelam diante da câmera a cada momento. Nos docs, os roteiros são escritos pelo camera, enquanto se filma. Não se pode controlar o que se filma, filma-se o que se apresenta diante do câmera a cada momento, portanto se você não estiver vivo e presente na ação constante da vida, dos temas e dos personagens filmados, não será capaz de acompanhar o ritmo e o timming do filme que se realiza diante de você. 

6 - oficina/consultoria individual: aulas particular personalizadas (a combinar de acordo com cada caso).

Para consulta a respeito de valores e outras questões, click no link "contato" deste site, nos escreva ou ligue. Abaixo informações gerais sobre as oficinas.


DESCRIÇÃO GERAL DA ABORDAGEM:

A câmera-caneta: essa expressão que nomeia a oficina, eu ouvi em uma palestra, do Richard Hernandez Koci, que dizia aos jornalistas, que a partir de então não bastava somente escrever, tinham todos que, filmar e fotografar... "a camera is just a pen..." nothing else.
A partir dessa escuta, adaptei a frase, nomeando minhas oficinas como "A Câmera-caneta", pois achei que esta expressão não só representava a minha prática independente enquanto fotógrafo-realizador-montador, mas também a minha pesquisa e pensamento sobre o cinema e seus derivados audiovisuais.

A oficina A câmera-caneta, é pra quem? Para todos.

A oficina é mais sobre o pensar, mais sobre despertar um mecanismo de produção autônoma nos alunos. Usamos o fazer audiovisual e o meu conhecimento e experiência de cinema independente, para abrir possibilidades de um processo criativo pensante em cada participante.

Ou seja, a oficina contempla desde estudantes, ou leigos – que exerçam outras profissões e queiram aprender a filmar com consciência - até um cineasta experiente que, muitas vezes fica dependente de padrões e vícios operacionais que operam com grande aparatos técnicos, grandes equipes, e pior, ao não colocarem as mãos na massa, acabam sendo mais patrões, e menos realizadores.  Jamais sujam as mãos no processo, tudo se delega.

Autonomia criativa = autonomia financeira. 

A oficina também é para os que precisam de independência financeira: uma vez encarnados de seus saberes e habilitados a realizarem os seus filmes em uma produção que cabe dentro de uma mochila, vocês estarão emancipados para lidar com as propostas e oportunidades que surgirem diante de vocês. Diante dessa independência, e dessa coragem, as histórias, os convites e as pessoas aparecem. Sim, aparecem porque estão atrás do que você pensa, da sua visão de mundo, da linguagem que você propõe. Você não é um executor de briefings, agora você pode dar ao seu contratante, não só o que ele quer, mas talvez o que ele nem saiba que pode querer. A conversa passa a ser outra (na oficina falaremos sobre interpretar as encomendas – sobre alcançar o que o outro quer a partir do seu querer).

NARRATIVA AUDIOVISUAL – CINEMA INDEPENDENTE REAL - REFLEXÕES E PRÁTICA

Proposta da oficina: habilitar os participantes a realizarem seus filmes de maneira simples e libertadora. Sua mochila e eventualmente um tripé serão a sua equipe. A ideia é que os alunos possam ser diretor-câmera-captador-de-audio-montador de seus próprio filmes. Ao nos desprendermos de amarras tais como equipamentos pesados e equipes grandes, ao reduzirmos estrutura-equipe-equipamento ao essencial, abrimos tempo e espaço para pensarmos, refletirmos e nos aprofundarmos no que realmente interessa: o filme que estamos realizando, e principalmente as pessoas e objetos-assuntos que estamos filmando e com que estamos nos relacionando. Nos tornamos tecnicistas, estamos à mercê da tecnologia. É preciso inverter essa relação: a tecnologia está para nos servir, não ao contrário, assim como um marcineiro tem suas ferramentas, nós temos as nossas. É só isso. Precisamos parar de mitificar as cameras e suas alegorias.Uma camera pode ser somente uma caneta. Só depende de nós fazer esta escolha. O principal instrumento para se fazer um filme, somos nós, portanto vamos tratar de explorar e utilizar as nossas capacidades. Ao abrirmos mão do pesado aparato cinematográfico, um filme demanda que nos coloquemos dentro deste, pensando-o, elaborando-o, desde a pré, durante as filmagens, até a estação de montagem. Filmar sozinho significa que você não tem técnicos, parceiros, máquinas excessivas que te ocuparão e que farão o trabalho por você, NÃO, agora o diálogo é de você com você mesmo, dentro de sua cabeça, e para fora, com o mundo / objeto / coisas / pessoas-personagens… é hora de você se virar e descobrir o filme diante de si, e melhor, descobrir a sua capacidade de realizar, de pensar o filme, algo que antes estava adormecido, inerte. E então, uma vez que você conquiste essa autonomia narrativa, que você seja capaz de pensar-produzir-fotografar-captar-audio-realizar um filme sozinho, você poderá, eventualmente contar com colaboradores que te ajudem a pensar e criar soluções narrativas para compôr o seu filme. Mas aí, a conversa passa a ser outra. Começa por quem você escolhe para estar para trabalhar com você. Aprendemos a escolher os colaboradores, e essa escolha faz toda a diferença. Ou seja, a oficina não nega ou contesta o uso de equipes maiores, muito menos os processos colaborativos na produção de filmes, a oficina deseja emancipar o aluno como filmmaker, mas também prepara-lo para saber o que demandar e como dialogar com os colaboradores no momento em que se possa contar com uma equipe. 

Conceitos que serão abordados nas oficinas

1 - PRÉ PRODUÇÃO

-pré-produção/pesquisa de campo

-abordagem (do assunto e suas personagens)

-listagem de equipamentos

- planode filmagem

2 - NO CAMPO

- a presença da câmera

- a câmera pensante enquanto ferramenta de escrita

-escolha da hora de sacar a camera, a hora de filmar e a hora de esperar

-planejar, elaborar, improvisar

- operação da camera (aspectos técnicos):

planos fixos, movimento, plano sequência

articulando tipos de planos

lidar com a luz

audio: 

capacidade narrativa do audio

percebendo o som

desenhando o som

- entrevistas /depoimentos

preparação

saber escutar: timming na entrevista

interferência do entrevistador

- luz

uso da luz natural

- roteiro

- o texto narrado, a escrita, o uso da palavra sobre a imagem

- a primeira pessoa no documentário

-improviso e invenção em cima do roteiro/planejamento (na filmagem e na ilha de edição).

3 - MONTAGEM: A ILHA DE EDIÇÃO É UMA COZINHA

- a ilha de edição como lugar de alquimia

- conceitos básicos para montagem

-  organização na ilha: métodos e etapas

- processo – dentro e fora da ilha (notas)

- o roteiro no documentário

- “linguagem”

-recursos diversos serão discutidos e exemplificados

4 - EXERCÍCIOS PRÁTICOS:

- saída para observação e anotações

- saída para filmagem de planos diversos

- entrevistas

- escrita, edição, gravação de texto (voice over)

- colagens manuais – reprodução (filmagem ou fotografia) digitalização ecomposição na ilha.

- retrato (personagem)

5 - FILMOGRAFIA E BIBLIOGRAFIA DA OFICINA A CÂMERA-CANETA
Assistiremos trechos de filmes e leremos trechos dos livros, que dialogam com as propostas narrativas da oficina e que vem me formando ao longo do tempo.

Autoras e autores: Ruth Beckerman; HarunFarocki; Jean Rouch; Luc Dardenne eJean-Pierre Dardenne; Errol Morris; Robert Guédiguian; AgnesVarda; Chantal Akerman; Jonas Mekas; John Cassavetes; Santiago Alvarez; Raymond Depardon; Albert Maysles e DavidMaysles; Pierre Pierrot; Chris Marker; Patricio Guzman; Jørgen Leth; WernerHerzog; Pierre-Yves Vanderweerd.

Filmes: Hiroshima Mon Amour,Alain Resnais; Vá e Veja, Elem kimov; Viajo Porque Preciso, Volto PorqueTe Amo, Karim Aïnouz e Marcelo Gomes; Arábia, João Dumans e Affonso Uchoa; Stone Time Touch, Garini Torossian; The PerfectHuman e As Cinco Obstruções, Jørgen Leth; Santiago,João Moreira Salles; Diário de uma busca, Flávia Castro; Tarnation,Jonathan Caouette; Gummo e Julien Donkey Boy, Harmony Korine; Mr.Sganzerla - Os Signos Da Luz e Olho Nu, Joel Pizzini; Rip RemixManifesto, Brett Gaylor.

Livros: Filmar o que não se vê: Um modo de fazer documentários, PatrícioGuzman; Esculpir o tempo, Andrei Tarkovski; Notas sobre o cinematógrafo, Robert Besson; O FilmeEnsaio - DESDE MONTAIGNE E DEPOIS DE MARKER, Timothy Corrigan.

Eainda, os trabalhos do professor da UC Berkley e "visualstoryteller”, docmaker, designer, fotógrafo, jornalista eprodutor Richard Hernandez Koci. E os filmes do realizador e viajanteVicent Moon. Trechos dos filmes, dos livros e autores descritos acima,serão projetados e lidos em aula. 

OBSERVAÇÕES GERAIS:

Não há pré-requisitos para a participação na oficina. Para os alunos que possuírem câmeras (qualquer tipo), gravadores de audio, e/ou computadores para edição: suas ferramentas serão bem-vindas. 

Materiais sugeridos para as aulas práticas:

- câmeras e microfones

- laptops

- diversos: textos impressos ou escritos a mão, cadernos de rascunhos, desenhos, fotos impressas, materiais que contribuam para compor colagens manuais.

-material de papelaria: canetas, lápis, canetas coloridas, lapis de cera, etc.

-folhas brancas e/ou cartolinas.

obs. cada um leva uma ou mais partes. não precisa cada um levar todas essas partes. os alunos serão avisados quando será necessário levar os materiais e equipamentos.

 

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